Epidemiologia: fonte essencial de conhecimentos em saúde
Epidemiologia: fonte essencial de conhecimentos em saúde
Estudar os fatores associados à frequência e distribuição das doenças nos diferentes grupos sociais fornece dados importantes para orientar a definição e a avaliação de políticas de saúde, entre outras aplicações
CRÉDITO: FOTO ADOBE STOCK
Nesse ciclo, não existe apenas preocupação com custos, e sim com avaliações econômicas que envolvam medidas de qualidade de vida em populações tanto idosas, quanto jovens, especialmente crianças e adolescentes, conforme tem mostrado a agência inglesa de ATS (National Institute for Health and Care Excellence – NICE), em uma revisão crítica dos métodos para realizar avaliações econômicas.
Portanto, na perspectiva da pessoa que vai receber os cuidados de saúde, a efetividade deve preferencialmente considerar resultados baseados em anos de vida ganhos e em qualidade. Isso acontece para que o sistema de saúde possa incorporar tecnologias que não só prolonguem a vida das pessoas, mas que o façam com a melhor qualidade de vida possível.
epidemiologia desempenha uma dupla função: é importante para orientar a definição de políticas de saúde e é subsídio para a avaliação dessas políticas
Geralmente, as avaliações são realizadas no final do processo de desenvolvimento das tecnologias, mas, quando introduzidas no início do processo (ATS inicial), podem direcionar o desenvolvimento futuro e/ou informar decisões de incorporação. Isso pode evitar atrasos desnecessários para os pacientes, impedir o investimento de tempo valioso em uma inovação que não teria sucesso ou acelerar a implementação de uma tecnologia efetiva.
A ATS ligada ao caminho translacional em oncologia, desde a pesquisa básica até a adoção clínica de múltiplas inovações, foi analisada por Melanie Lindenberg em 2020. No estudo, a autora concluiu que foi possível orientar múltiplas partes interessadas sobre as decisões relacionadas a pesquisa e desenvolvimento (P&D), configuração de estudos clínicos e mapeamento de barreiras de implementação e decisões de reembolso. O Brasil vem construindo sua política de ATS (a PNGTS), cujo marco foi a criação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que passou a adotar gradualmente os critérios de valor aqui citados. No entanto, existe o desafio de inverter a dinâmica reativa de avaliar por demanda recebida, passando para uma dinâmica ativa, que poderia eleger prioridades considerando a pesquisa translacional, para prever inovações eficazes que poderiam ser priorizadas, atendendo a uma meta de valor social e equidade.
Moisés Goldbaum
Departamento de Medicina Preventiva
Faculdade de Medicina
Universidade de São Paulo