Das cerca de 130 milhões de mulheres que dão à luz no mundo todos os anos, 303 mil morrem durante o parto, e 2,7 milhões de recém-nascidos morrem no 1º mês de vida, a maioria em regiões com economias de baixa e média rendas e desprovidas de assistência médico-hospitalar adequada. A maior parte dos óbitos ocorre como resultado de hemorragia pós-parto grave (HPP), sepse, malária cerebral e complicações de parto, condições que podem ser controladas com medicação, se prontamente tratadas. No entanto, a falta de medicamentos é um desafio. O problema é agravado em comunidades onde interrupções frequentes de energia elétrica ameaçam a armazenagem de medicamentos refrigerados.
Nossa equipe está desenvolvendo um dispositivo portátil, chamado SBox, para produzir supositórios para tratar condições clínicas individualizadas. O aparelho foi projetado para atender prontamente aos padrões regulatórios, independe de energia e de água e é perfeito para uso fora do ambiente hospitalar.
O SBox tem funcionamento simples e intuitivo, semelhante ao de uma ‘cafeteira gourmet’. Foram produzidas cápsulas de 3 variedades de ingredientes farmacológicos estáveis, identificados por diferentes cores. A primeira geração de cápsulas, 100% reciclável, inclui, entre outros ingredientes, misoprostol (HPP – cápsula vermelha), artesunato (tratamento de primeira linha para malária por Plasmodium falciparum – cápsula azul) e gentamicina (sepse neonatal e adulta – cápsula amarela). Junto com o kit SBox, são fornecidos também veículos viáveis para os medicamentos (glicerina ou manteiga de cacau), em cápsulas brancas.
A opção pela formulação em supositório tem algumas vantagens. A via retal é considerada uma excelente alternativa às vias oral, intramuscular ou endovenosa porque os supositórios não precisam de condições assépticas para serem administrados, nem necessitam que o paciente coopere com o corpo de enfermagem ou assistencial. A via retal constitui uma das melhores rotas para uso em neonatos, populações geriátricas e em pacientes inconscientes. Além disso, os supositórios não sofrem metabolismo de primeira passagem no fígado, possibilitando uma maior concentração do medicamento, e as substâncias usadas como veículo são consideradas amplamente seguras. Por fim, os supositórios não necessitam de conservantes para aumentar ao máximo seu prazo de validade e seu custo de fabricação é muito baixo.